segunda-feira, 22 de setembro de 2008

O Outono, o Outono, o Outono...

Durante tantos anos foi esta a minha estação do ano preferida... Talvez até desde sempre...
Quem me dera agora perceber porquê...

(talvez o recorde lá mais para o fim, mesmo antes do Inverno, quando redescobrir aquela estranha beleza estéril das árvores completamente nuas e me der de novo aquela vontade incontornável de sair simplesmente para as fotografar com a mesma obstinação de um repórter de guerra)

Neste momento, porém, pensar na vagarosa decadência das folhas e flores e das cores suscita-me brandos impulsos de eutanásia - um querer acabar de vez com o sofrimento desta estação moribunda e que viesse já a estação das chuvas...

Não sendo isto possível, só me dá vontade de ficar a ouvir o Coltrane e voltar a fumar.......


Discover John Coltrane!


(hum... ou será que é por estar a ouvir Coltrane que de repente o Outono me parece insuportável e só me apetece voltar a fumar...??)

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

— Keep on track...


(c) Carlos Colaço 2007

— Yeah, but what will I find there...?


quinta-feira, 4 de setembro de 2008

As gajas das obras

Vinha hoje à tarde a chegar a casa e, para não variar, tive de passar à frente do prédio em obras na rua de trás, como sempre só lá é que consegui arranjar lugar para estacionar o carro…
E claro, como de costume, vinha em passo apressado e com os nervos em franja por antecipar já o calvário de impropérios que me desabaria em cima quando passasse ao largo daqueles andaimes. Para piorar, ao aproximar-me vi que estavam todas na pausa para beber a mini das 17:30, descontraídas a ver o "trânsito" passar cá em baixo. Temi logo o pior… Primeiro foi o típico assobio para "quebrar o gelo". E pronto, logo de imediato se seguiu a primeira bomba, uma das ordinarices do costume: "Ó grosso, sugava-te até ao osso!!" - Fiz que não percebi e continuei a andar mas sabia naturalmente que aquilo era só o início e iria provocar o despique com as outras para ver qual mandaria o pior piropo e então, claro, o segundo não se fez esperar: "Ó boneco, vai um bico?" - aí não resisti a mandar um severo olhar de indignação à emissora de tamanha brejeirice, uma loura despenteada e mal desmaquilhada de camisa toda aberta que teve ainda o desplante de me responder ao olhar sério com um repugnante gesto insinuante com a mão e a boca e até a ponta da língua!! Envergonhado, revoltadíssimo e até enojado, acelerei a marcha para quase passo de corrida, sem me aperceber ingenuamente que me estava mesmo a pôr a jeito para o comentário que se seguiu: "Eh lá! Andas bem a galope, queres vir cavalgar comigo??"...
Enfim, depois disto acabei por fazer o resto do caminho de olhos postos no chão, vergado pelo vexame, pela vergonha, pela angústia...
Faz-me pensar que aquela luta das feministas pela tal "igualdade de tratamento" e pelo respeito é muito consoante lhes convém! Passam a vida a condenar e a rudeza e a grosseria dos homens que dizem "isto e aquilo" e "que faziam e aconteciam" e todo o tipo de descortesias e incivilidades a que estão habitualmente sujeitas mas nunca lhes ouvi uma palavra sequer que fosse a censurar esse mesmo tipo de comportamento quando as autoras são as mulheres das obras! Parece que é assim um assunto tabu!
É que uma pessoa não tem de ouvir certas coisas, há dias em que chego a casa a chorar…

terça-feira, 2 de setembro de 2008