domingo, 30 de dezembro de 2007

Lembrem-me de para o ano fazer anos noutra altura...

Acabei hoje finalmente o meu bolo de aniversário.......
Mas quem é que consegue comer mais doces numa altura destas...? Quando vi, no outro dia, que ainda sobrava meio bolo temi logo o pior... Só de pensar que amanhã devia comer 12 passas dá-me logo convulsões abdominais fortes. Enfim, depois disto tudo vou precisar de semanas de descompressão e desenjoo.

Se para o ano, no dia 26 de Dezembro, alguém me perguntar: “Queres bolo de chantili, bolo amarelo...?” Respondo logo: “Soufflé de Espinafres!! Com duas velas giras...”

quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

26

- Olha lá, tu fizeste anos agora no Natal, não foi...? Foi a 24 ou 25?
- 26...
- Ah então é hoje!! (...) Então e fazes quê, 25...?
- 26...

(...)

segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

(...)

Photobucket
(c) Carlos Colaço 2007

domingo, 16 de dezembro de 2007

"Isso é uma virose que aí anda..."

Foi talvez a explicação mais “científica” que ouvi daquilo que me afectou subitamente a saúde na noite de quinta para sexta-feira e de que ainda recupero. Outra também aparentemente muito válida foi a de que “Isso é um vírus que anda aí e não sei bem por que via entra no sistema”, tendo esta me deixado, por um curto instante, a pensar meio baralhado: “então mas eu tenho os updates automáticos do Norton e mais a firewall como é que me entra assim um vírus...?...ah não, espera, isto é no outro sistema não é nesse…”. Depois desta breve confusão entre o sistema informático e “o outro”, típica de um homem do nosso tempo, apercebi-me da ironia de ser mais hipocondríaco no que toca a saúde do meu computador do que com “o outro sistema”. E por falar em “sistema”, e resignando-me ao facto de me ver obrigado a repetir a mesma palavra inúmeras vezes no mesmo texto, foi o sistema digestivo que sofreu os efeitos súbitos e violentos deste vírus que alegadamente (e de acordo com várias fontes incluindo a linha Saúde 24) anda a espalhar o caos em todos os intestinos e estômagos que visita pelo seu caminho e que eu, por azar, também apanhei (embora “apanhar” remeta para uma acção voluntária eu posso jurar que foi sem intenção!) .
Isto de se falar de vez em quando na “virose que anda por aí” parece-me que tem qualquer coisa de misticismo mascarado de linguagem médica. De cada vez que aparece uma epidemia de sintomas comuns e ninguém sabe bem do que se trata lá vem a conversa da virose, e depois não há qualquer esclarecimento e ficamos todos na mesma, “foi a virose…”…
Os sintomas, ainda que mais intensos e agudos que o habitual, são os facilmente imagináveis neste tipo de situação e, como tal, não merecem destaque… À excepção talvez de um, verdadeiramente inédito e invulgar e que por isso importa referir. Foi um sintoma súbito, incontrolável e de uma só ocorrência, de carácter assumidamente estético! Foi um ímpeto irresistível para a criação artística, uma propensão imediata fortíssima para a arte plástica que me levou a escolher como tela a minha colorida passadeira ikeana e a projectar com toda a força e em todo o seu comprimento, ao melhor estilo pollockiano, uma figura abstracta, livre, disforme, espontânea, aleatória, involuntária... num inspirado impulso de origem gástrica entusiasticamente concretizado.

No fim, salvou-se a passadeira, perdeu-se a obra de arte…

domingo, 25 de novembro de 2007

Eufemismos arquitectónicos

Passei ontem de carro em frente a uma Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR), numa cidade dos arredores de Lisboa. Como estava trânsito tive oportunidade de contemplar, bem como inalar, ao pormenor as instalações desta estação que tem como função filtrar e tratar os esgotos de quase toda a região antes de lançar no rio as águas derivadas desse mesmo processo. Agora, o que me causou estranheza foi o facto de todo o recinto estar povoado de exóticas palmeiras… Esses caprichos arbóreos de caule cilíndrico não ramificado que tanto gostamos de importar para efeitos arquitectónicos decorativos são, embora atípicos do nosso território, muito comuns nas chamadas zonas balneares… realmente é um facto que uma ETAR tem algumas piscinas mas… não creio que alguém faça uso delas para qualquer tipo de actividade recreativa ou de lazer.
Não deixa nunca de me surpreender esta mania cultural dos eufemismos. Por exemplo, um homem quase que fica com pena de lhe ser negado por natureza esse prazer exclusivo quando vê aquela alegria pululante das raparigas menstruadas dos anúncios de pensos higiénicos… É formidável como todos estes expedientes de cosmética social, com que convivemos a todo o momento, conseguem ser, por vezes, tão criativos como ridículos. Na minha modesta opinião uma ETAR não tem de ser bela e atraente! Mas então reconheço que entramos numa discussão parva e inconsequente porque me podem responder no mesmo tom que também não tem de ser feia e aí eu encolho os ombros e sou obrigado a não discordar.
Metam as palmeiras nas ETAR se quiserem, desde que depois não vá ninguém por ali adentro ao engano, de chinelos e toalha ao ombro, como quem caminha distraidamente pelo resort à sombra refrescante do palmeiral, em direcção àquelas piscinas redondas…

sábado, 24 de novembro de 2007

Saudades tuas meu amigo...

(para todos os que sentem a falta do nosso querido André Romeiras...)

Faz hoje um ano que partiste...
Não acredito em reencontros póstumos, por isso este post, em tua memória, é dedicado a todos os que também sofreram com a tua partida e sentem a tua falta. Dirijo-me a ti directamente, contudo, porque não faria sentido de outra forma e porque... talvez eu esteja enganado.

Recordar aquelas pequenas coisas como o teu o largo sorriso de dentes perfeitamente alinhados... o tão típico ajeitar dos óculos... aquele franzir do sobrolho que fazias de forma tão característica... uma gargalhada daquelas tuas inimitáveis...
Recordar...
[...]
Pensar que as tuas cinzas se possam ter espalhado pelos quatro cantos do mundo...
Enfim...

Lembrar o teu exemplo, lembrar os teus conselhos...
E continuar

terça-feira, 20 de novembro de 2007

"What the hell happened to you anyway...? You look like forty miles of rough road!"

"Trav? Do you mind tellin’ me where you did disappear to for the last four years?"

Deixo-vos a sugestão de deambularem mentalmente pelo Deserto Mojave, por uns instantes, com este som:


(Ry Cooder - Paris, Texas)

(Vejam o filme Paris, Texas de Wim Wenders se ainda não o viram. Admito que possa haver discussão sobre até que ponto é um bom filme mas é, sem dúvida, um filme lindo.)

domingo, 18 de novembro de 2007

“O vizinho anti-tabágico” ou “Neighbour of the beast” (ainda não escolhi)

Em termos de campanhas contra o tabagismo, para prevenir ou para abandonar o vício, se há coisa que resulta comigo não são os avisos alarmantes nos maços de tabaco; não são os convincentes anúncios, financiados pela UE, de sujeitos a soprar artefactos carnavalescos; não é a publicidade das curas milagrosas que frisa sempre os aspectos negativos com palavras-chave a bold como "IMPOTÊNCIA", "EJACULAÇÃO PRECOCE" (e até outras ainda mais desagradáveis mas, por vezes, ironicamente, menos persuasivas); não é a imparável escalada de preços do maço de tabaco… nada disso.

O que resulta mesmo comigo são os ataques de tosse nocturnos do meu vizinho do lado... Meu Deus, aquele ribombar cavernoso de brônquios faz-me sempre sentir que vivo paredes-meias com o Balrog das Minas de Moria! Desconfio que, por vezes, quando ele ribomba e estrondeia até perco duas ou três gotinhas com o medo... e volta, não volta lá dou por mim de lanterna a apontar para a parede à procura de danos estruturais irreversíveis...

Um sonho pouco verosímil

Dei por mim esta noite a descer a Av. dos Combatentes em direcção à Praça de Espanha. Tudo isto até podia ser perfeitamente normal não fosse o facto de estar a fazer esse percurso a alta velocidade, no "picanço" com o meu irmão mais velho, ambos montados nas velhas bicicletas BMX da nossa adolescência… Pior foi o facto de termos passado os semáforos todos a vermelho sempre a acelerar em direcção à Av. Calouste Goulbenkian…
Depois acordei e ainda fiquei por alguns segundos preocupado com a possibilidade de haver talvez em mim adormecido um potencial assassino ao volante... (ou neste caso ao guiador).

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Qualquer dia até as Páginas Amarelas me põem no limpa pára-brisas do carro...

Uma revista em formato A4, com mais de 20 páginas de promoção de uma agência de viagens, era o que me esperava hoje preso ao limpa pára-brisas! Longe vão os saudosos tempos dos pequenos papelinhos a anunciar os serviços do Professor Karamba, ou mesmo aquelas folhinhas coloridas com menus de restaurantes chineses (por vezes até com cardápios completos mas sem a morada do estabelecimento) que até serviam amiúde para subtrair à pintura uma ou outra dejecção de pombo precipitada, ou para, num vislumbre, aferir da evolução da integração destes imigrantes orientais nos meandros linguísticos da lusofonia. Hoje em dia, contudo, este tipo de aparato publicitário já começa a ser de formato A4 para cima, assim a ocupar metade do vidro. Cheguei à conclusão que, na prática, com as alterações climatéricas, actualmente gasto mais as borrachas dos limpa pára-brisas com publicidade indesejada do que com a chuva propriamente dita.

Entretanto, na minha ingenuidade, esta tarde ao aproximar-me do carro e deparar-me com o almanaque da agência de viagens, primeiro ainda me passou pela cabeça que pudesse ser assim um convite mais original para um passeio diferente e logo folheei a revista à procura de uma bola a marcador cor-de-rosa à volta de uma foto paradisíaca acompanhada de um sugestivo “Vamos?”… até reparar que todos os outros veículos tinham também o mesmo exemplar, incluindo aquele velho Austin abandonado e já sem rodas… (já me perguntei o que passará pela cabeça de quem se lembra de colocar publicidade num carro assim…).
E quando percebi irritado que afinal estava simplesmente a ser vítima do mais ordinário marketing directo, atirei, num gesto rude, o folheto para o… banco de trás. Não consigo. Não consigo aculturar-me àquele gesto tão típico de atirar o lixo para o chão, reconheço a minha falha… Parece que há qualquer coisa de estrangeiro em mim que não consigo extirpar.

terça-feira, 13 de novembro de 2007

GMT -07:00 para GMT

(Atenção! Post umbiguista)

Preciso de viajar através de sete fusos horários sem sair do mesmo sítio. Ainda nem são 18h e já é noite! Desde que mudou a hora que a minha vida se tornou muito mais sombria. Se alguém agora se deitar às 7 da manhã e acordar às 15h praticamente não vê o Sol, é quase como viver o fenómeno da Noite Polar mas em latitudes onde isso é, no mínimo, improvável.
Nem eu entendo esta coisa de viver sete fusos horários atrasado em relação ao sítio onde estou. A diferença não era tão grande mas com o tempo foi piorando e agora tornou-se incomportável. Em todo o caso, em breve terei de arranjar um novo emprego, até porque a “indemnização choruda” não vai durar muito, e desta vez quero tentar ter um horário normal. Mas não sei bem como fazer essa mudança súbita sem sofrer imenso com o jet lag implicado. O mais engraçado é pensar que se agora viajasse para o México não teria qualquer problema de jet lag! Se calhar devia antes procurar emprego por lá… Mazatlán, na costa do Pacífico, por qué no…? Afinal, aquele velho sonho de vender águas de coco na praia… Ou então, a alternativa é ficar cá mas arranjar amigos e amigas lá. Hoje em dia é perfeitamente viável… “Procuram-se amigos localizados em GMT -7”.

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(c) Carlos Colaço 2007

“Isso não é vida para ninguém!”, lembro-me de ouvir dizer alguém, a quem deveria eventualmente maior respeito, referindo-se aos meus horários heterodoxos. Não partilho dessa concepção mas, em todo o caso, admito que se o excesso de Sol pode ser prejudicial, o excesso de Lua também não é nada bom deixando-nos mesmo com uma cor pálida, pouco saudável.
Quando oiço falar do fascínio da vida nocturna rio-me por dentro como quem já percebeu que está a ser enganado mas deixa prosseguir a mentira. Tem um andamento viscoso muito próprio, a noite. Tudo passa muito mais devagar, menos o tempo. Faz-se demorar a noite e no entanto, quando se dá por isso já são 2:00, já são 4:00, 6:00… À noite todos metem conversa, como que por medo do silêncio. Do silêncio do outro, do silêncio próprio, do silêncio. Luzes amarelas iluminam avenidas inteiras de vazio e desassombram incontáveis ruas desalmadas. Os semáforos impõem-se rectos para ninguém, como actores teatrais nos ensaios clamando a plateias vazias. Até se aproximar um carro, que até pode ser azul escuro, ou verde escuro ou se calhar é mesmo preto mas a esta hora tanto faz, e através dos reflexos do vidro consegue-se distinguir um rosto a sorrir e um encolher de ombros resignado à intransigência do semáforo vermelho que o obriga a parar, para ver passar ninguém. Entretanto há outro anónimo que se aproxima deste e lhe pede um cigarro e há uma prostituta que lhe oferece lume e, antes de acender o verde, dá ainda tempo para fazer um zapping ao rádio, povoado daquelas vozes roucas e pausadas onde se ouve no timbre o quanto custa em cigarros o passar das horas escuras. E logo arranca, o carro quase vazio, transportando a mesma solidão da sessão da meia-noite em dia a semana... E há também o outro zapping, em círculo infindável, entre compactos, reposições e repetições, numa televisão com a qual é quase possível viver em união de facto, noite após noite.
À noite cada hora é uma repetição das anteriores até à alvorada… E depois ao amanhecer é ver os vespertinos a fugir da luz como vampiros e a recolher ansiosamente aos aposentos, como se ver o Sol provocasse danos irreparáveis no tão aguardado sono.


Smashing Pumpkins – We only come out at night

Mas sinto imenso a falta do sol da manhã… A maior parte das pessoas não se aperceberá, tal é a banalidade, mas para mim é sempre deslumbrante ver as cores e a incidência da luz da manhã… as ruas, os prédios, os rostos, o Tejo, tudo fica completamente diferente…
Preciso de viajar através de sete fusos horários sem sair do mesmo sítio.
Parece mesmo que vou fazer uma espécie de longa viagem. E enfim… depois, quando der por mim a bocejar tremendamente à meia-noite, sei que me vou aperceber com um sorriso que voltei a fazer parte do formigueiro corredio de onde me sinto extraviado…

domingo, 11 de novembro de 2007

Godspeed!

(Para aquela minha amiga bióloga que vai, mais uma vez, passar um mês de auscultadores nos ouvidos a escutar cetáceos, num barco, ao largo de um país gelado)

O teu irrequieto pin no meu Google Earth vai ser temporariamente movido para dentro de água. Escolhe sempre destinos inóspitos este pin mas pelo menos desta vez não é o Alasca. Inóspito por inóspito bem que ele podia passar por Portugal mais vezes, não?

Aquela notícia de ontem relativa a terem fechado várias plataformas petrolíferas ao largo da Noruega por questões de segurança, devido às terríveis condições climatéricas e ao estado do mar, era coisa para me poder preocupar um bocado tendo em conta que estás a viajar para lá mas, pensando bem, afinal aqueles roughnecks e roustabouts que passam mais de metade do ano fechados em plataformas geladas são umas florzinhas ao pé dos “toughs” dos biólogos marinhos, é natural que eles tenham de ser evacuados de helicóptero do sítio para onde vocês vão com tranquilidade…

Olha, espero que corra tudo bem e que concretizes todos os objectivos da viagem e aproveito para deixar aqui uma musiquinha para celebrar a expedição:


Colleen - The Happy Sea

Musicalmente é horrível, eu sei. Mas como não faço ideia como são “as coisas” que ouves pelos auscultadores imagino sempre que é qualquer coisa deste género, assim muito etéreo e com muita inspiração (provavelmente de várias substâncias ilícitas). E depois não consegui resistir ao nome “the happy sea”, mesmo parecendo demasiado forçado.

E olha, mergulhos é só quando a água estiver a temperaturas positivas senão faz dói-dói!

Até já! ;)

A música que tem passado em repeat

Post a estrear a rubrica a música que tem passado em repeat, (claramente e declaradamente inspirada no programa “Em Repeat” da Rádio Radar mas com um nome menos bem conseguido), a nova rubrica de propostas musicais deste blog. O critério de escolha é simples, sugiro simplesmente a música que ando a ouvir compulsivamente, excessivamente e obsessivamente em “repeat”.
Actualmente estou a precisar de me desintoxicar desta:


Editors – An End Has A Start

Mas que som!!!
(Servir bem alto e agitar depois de abrir…)

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Ladies first?

Sugestão de adaptação de uma norma de etiqueta à regulamentação do tráfego rodoviário através de nova sinalética vertical.
(Em todo o caso, tenho para mim que as feministas iriam boicotar a medida recusando avançar e, com isso, provocariam o caos no trânsito. Não fosse isso e esta proposta teria, naturalmente, tudo para ser praticável…)


(imagem em tamanho normal no meu fotoblog katadioptriké)




(c) Carlos Colaço 2007

sábado, 3 de novembro de 2007

All Saints

(desambiguação - este post é sobre o Dia de Todos os Santos, ou All Saints’ Day em inglês, se procura informações sobre a, sem dúvida não menos interessante, girlsband chamada All Saints prossiga antes por este link, levando consigo, naturalmente, os meus votos para uma vida feliz.)

Passaram, estes dias, algumas efemérides dignas de registo, nomeadamente o Dia de Todos os Santos.
D. José Policarpo ter-se-á mais uma vez interrogado, sem grande apoquentação, até quando se conseguirá manter o embuste de ter feriados religiosos católicos num estado, alegadamente, laico. José Sócrates terá provavelmente desabafado com Vieira da Silva: “Acabar de vez com estes feriados religiosos é que era porreiro pá…”. Várias teenagers americanas ter-se-ão questionado indignadas porque é que as All Saints têm direito a um feriado a as Spice Girls não. Incontáveis franceses terão exercitado vários músculos do rosto ao apertar os lábios o suficiente para conseguir dizer “Toussaint”, o nome que eles dão ao dia em causa. Muitos portugueses não saberão que feriado é esse do “1 de Novembro” e a esmagadora maioria dos que sabem nomear a efeméride não saberiam explicá-la ou sequer defini-la.
Tem vários aspectos no mínimo curiosos, este Dia de Todos os Santos. Remeto para blogs da “especialidade” uma explicitação rigorosa e em detalhe. A mim, uma das vertentes que, não sendo porventura a mais relevante, me parece fascinante, é o facto de ser o dia em que, um pouco ao estilo Samsung "Everyone's Invited", a Igreja convida todo o indivíduo a levar uma vida santa. Admito que esse convite de certo modo me intriga. Por um lado, mesmo acreditando que as pessoas tenham, de um modo geral, uma ideia mais ou menos comum de “Bem”, creio que actualmente a Igreja terá tantas definições de “vida santa” quanto o número de sacerdotes e julgo que teria até de haver um novo concílio, inteiramente dedicado ao tema, para que, em rigor, este convite tivesse um significado praticável. Pergunto-me, por outro lado, sem sarcasmo, se não é redundante haver um dia específico para fazer um convite que está implícito na própria doutrina da Igreja?

Entretanto passou-se também o Halloween e o Dia dos Fiéis Defuntos. A pensar no aprovisionamento para um futuro eventualmente mais infértil, reservo um comentário a esses dias para Novembro de 2008 e de 2009 respectivamente…

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Katadioptriké – o fotoblog


Além deste blog, pareceu-me boa ideia criar também um fotoblog
Esta fotografia que se pode ver aqui do lado esquerdo retrata uma planta artificial, que me foi oferecida há uns anos, que me é muito querida e que, além de me servir maioritariamente como objecto de decoração, notei recentemente que também servia como suporte para cotão e então decidi manifestar o meu afecto por ela limpando-a cuidadosamente e usando-a como modelo fotográfico. Tirei-lhe algumas fotografias e, a partir delas, criei umas imagens pretensiosamente criativas que coloquei no katadioptriké para estrear o blog. A ideia é colocar lá esporadicamente alguma criação digital ou fotografia interessante que me dê para realizar mas deixando aqui o aviso e, eventualmente uma amostra, de cada vez que isso acontecer.

Agora… sobre o nome “katadioptriké”… bom, acima de tudo eu queria uma coisa simples, de fácil dicção e que se decorasse à primeira… algo que além disso remetesse imediatamente para a noção de ser um fotoblog pessoal. A verdade é que, talvez dada a popularidade do blogspot, os nomes mais apropriados que me iam ocorrendo estavam todos reservados e quando já estava quase disposto a escolher “fotoblog143987.blogspot.com”, pareceu-me notar, de repente, assim do nada, passar por mim no raciocínio de “background”, quase despercebido, o seguinte pensamento insuspeito: “Ah! engraçado, se na Grécia Antiga existisse a palavra catadioptríco eles diriam katadioptriké em virtude das peculiares vicissitudes gramaticais e dos típicos constrangimentos lexicais do grego antigo…”. – Quase automaticamente os meus dedos digitaram essa mesma palavra como que decidindo por mim e assim ficou.

Ora bem, mas para quem não sabe o significado da palavra “catadioptríco”… (((POR COMPLETAR!!!! NÃO ESQUECER IR AO DICIONÁRIO ANTES DE PUBLICAR O POST, OPORTUNIDADE PARA BRILHAR!)))

Entretanto comecei a desconfiar que o nome talvez pudesse não ter sido assim tão bem escolhido quando, um dia destes, numa conversa de esplanada com o meu amigo e colega blogger Gonçalo, ouvi, com circunspecção, estranheza e até algum assombro, emergir da sua traqueia o momentum de difícil e congestionado trânsito oratório que passo a citar:
- “Ó Colaço então e o tokodi… o kotodap… o kotradopticodi… o…… epá aquela cena onde vais postar as fotos, aquil' anda ó não?”
Como ele me tinha falado pouco tempo antes em qualquer coisa como ter tempo para ter aulas de línguas, a principio ainda pensei que estivesse a tentar dizer algo em japonês, até pelas caretas que fazia para tentar dizer o nome do blog… Pior ainda, foi o facto de depois deste atropelo verbal, por contágio, nem eu próprio ter conseguido pronunciar “katadioptriké”, para o corrigir…
Mas e o trabalho que dava agora mudar o nome do blog…?
Sem me alongar mais, visitem-no aqui.

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Agradecimentos

Photo Sharing and Video Hosting at Photobucket(c) Carlos Colaço 2007

Agradecer, em primeiro lugar, às duas pessoas que mais me empurraram no sentido de concretizar a ideia de criar este blog. Ao João, que, mais ao estilo “coach" místico, me ia incentivando com expressões muito espirituais, sempre em jeito de antecipação, como: “Não, eu até parece que já o estou a ver… está quase aí a rebentar o teu blog! Tá mesmo quase… vai ser em grande!” – ainda que ao longo destes meses, por vezes, desanimasse um pouco, naturalmente. E ao Gonçalo, mais realista, que desde o princípio adoptou o estilo mais desafiante e gozão de quem sabia que o projecto se ia fazer esperar, lançando frequentemente ligeiras provocações, sustentadas pela sua autoridade de blogger extremamente profícuo, do estilo: “Então e esse blog?? Hehehe…”.
Agradecer os empurrões da Joana e da Sara que também me incentivaram e me desafiaram mais do que uma vez a levar este projecto por diante, tendo até a Sara, inclusivamente, chegado a deixar um comentário de incentivo no post de teste do projecto falhado de blog antecessor deste, gesto esse que me inspirou uma motivação extra.
(João e Joana, vocês é que entretanto estão também a precisar de um empurrão, não? Se quiserem eu empurro-vos. Ou então peçam ao Gonçalo, esse especialista que entretanto até se registou no grupo do hi5 de pessoas que gostam de empurrar os outros para dentro da piscina...)
Agradecer ainda à Rita Delille. Não pelo empurrão, ela nunca me empurrou, isso é um boato (que eu aproveito para lançar agora). Mas tenho de lhe agradecer por me ter autorizado a “espionagem industrial” aos blogs dela e em virtude disso lhe ter plagiado os serviços photobucket e o radio.blog.club e até inclusivamente a protecção de direitos de autor creative commons (plagiar direitos de autor foi assim o “top” da minha ousadia nos últimos tempos).
Agradecer naturalmente ao Al Gore por ter contribuído de forma tão indirecta quanto eficaz para a Paz mundial. Eu próprio não compreendi a pricípio a firme linha ténue que o liga à Paz e o torna merecedor do Nobel. Mas depois de alguma reflexão lá acabei por perceber o modo astuto como aquele que costumava ser o próximo presidente dos EUA evitou inúmeros conflitos internacionais. Parece que já estou a imaginar, a quantidade de vezes em que o chefe de gabinete do típico ditador ou do pequeno e médio terrorista sugeriu entediado a enrolar caracóis no bigode: “O que achas, vamos provocar o caos e a destruição num país vizinho…?” e a resposta: “humm não… hoje não, vai antes ao Blockbuster buscar o filme do Al Gore e traz pipocas com molho de manteiga… e depois traz-me a mantinha polar do Ikea… a verde…”.
Essa estabilidade global foi indubitavelmente condição sine qua non para o nascimento deste blog.
Não conheço muitos blogs que tenham secção de agradecimentos, agora que penso nisso… isto começa mesmo a ganhar contornos de grande projecto!

terça-feira, 23 de outubro de 2007

100 cedilhas?

(Atenção! Texto longo e potencialmente aborrecido, leia na diagonal!)

A cedilha é aquilo a que os brasileiros chamam, por vezes, “o rabinho do c”. Nós felizmente não temos essa mania mas temos outras igualmente desagradáveis. Em rigor, a cedilha - do castelhano cedilla, «pequeno z» - é, como toda a gente sabe, aquele sinal diacrítico que se coloca sob a letra "c" para lhe dar o valor de "s" inicial.
Resumindo um pouco a história, a cedilha surgiu quando os castelhanos - em pleno obscurantismo medievo, naquele tempo em que os Papas podiam ter concubinas - acharam que o alfabeto vigente era limitado e decidiram inventar este sinal inspirado na escrita gótica… A verdade é que a coisa fez furor e os portugueses, os franceses, os catalães, etc., acharam aquilo de uma extravagância deliciosa e copiaram. Mais tarde os castelhanos perceberam que afinal a coisa era estúpida e redundante e acabaram com ela. Mas o mal já estava feito e a cedilha ficou agarrada como uma lapa à grafia da nossa língua, de tal modo que seria, hoje em dia, para nós impensável a vida sem cedilhas. Ainda que, no fundo, seja apenas uma questão de “status”, isto é, a cedilha e os dois “s” (ss) soam exactamente da mesma maneira mas a cedilha tem, inegavelmente, muito mais charme.
Posso agora falar-vos ainda, um pouco, do insólito caso de também os turcos e os romenos, entre outros, usarem cedilhas, nomeadamente para escrever… mas não quero. É engraçada a coisa das cedilhas debaixo de outras letras mas também não é nada assim de tão interessante.

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“uma cedilha” (para os mais distraídos e que ainda não perceberam do que estou a falar)

Entretanto, na história da cedilha, tudo corria bem até à invenção dos computadores e, por fim, da internet. Nunca como hoje a cedilha foi tão desrespeitada e marginalizada!
Um dos desafios do mundo digital actual é a correcta representação, não só da cedilha mas de todos os sinais diacríticos. Isto acontece porque em virtude de uma, ainda comum, falta de padronização na forma de codificar este tipo de caracteres, é frequente ocorrerem falhas e erros nos programas e para evitar isso o método mais simples e mais comum é, pura e simplesmente, a não utilização destes sinais. Toda a gente se lembra do que acontecia até há bem pouco tempo com o tão popular hi5, por exemplo.
Tudo isto está relacionado, nomeadamente, com o padrão Unicode e as diversas sub-codificações e também com o uso de várias “fonts” diferentes e eu podia naturalmente debitar-vos aqui conhecimento enciclopédico profundo e enriquecido com notas de rodapé exaustivas sobre o assunto… se soubesse alguma coisa disso mas não é o caso.

Na prática, uma das consequências mais aborrecidas de tudo isto é quando se dá o caso de o indivíduo possuir um sinal desse tipo no próprio nome e a sua não representação alterar a sua pronúncia. Por exemplo, supondo que alguém tivesse um improvável nome como Gonçalo Gonçalves, eu diria até que se via, inclusivamente, quase como que privado da sua identidade! Após anos a fio a viver como Goncalo Goncalves (repare na ausência das cedilhas, não se deixe iludir pelos automatismos cerebrais), seria até de supor que já respondesse a esta segunda versão como se fosse a correcta, nomeadamente, se, por exemplo, alguém o interpelasse na rua chamando: “Ó Goncalo!”. Eu próprio vejo-me invariavelmente privado do meu “rabinho do c” e não passo de um “Colaco” no mundo digital…

O blog “100 cedilhas?” podia então ser um grito de guerra contra os inúmeros vilipêndios e ataques à dignidade das cedilhas!!! Mas não é. Nem é sequer uma chamada de atenção, é antes assim uma constatação e um encolher de ombros resignado e “um esperar que isto melhore” tipicamente “tuga”…
Em todo o caso, fica aqui (na coluna lateral do blog) um repositório simbólico de 100 cedilhas assim como que, vá lá, um epitáfio de um cenotáfio erigido (ou redigido, neste caso) em memória de todas as cedilhas privadas do seu direito à vida e da sua liberdade de expressão (o que para elas é, por inerência das funções, a mesma coisa) pelas alegadas “dificuldades de codificação” nas linguagens do meio virtual.

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Porque não hoje?

Hoje, ao acordar, passou-se comigo algo de muito estranho. Estava já bem desperto antes de o despertador tocar e entretinha-me com uma mistura de pensamentos enquanto cantarolava mentalmente aquela música dos Travis relativamente conhecida, chamada “Sing”, quando, de repente, no preciso momento em que trauteava em surdina aquele “sing, sing, sing…”, o rádio desperta e a música que soa é exactamente essa e segue precisamente na mesma parte do refrão!!! Como se o rádio, agradado com a minha escolha musical, tivesse decidido acompanhar-me na cantoria, num enleio de cumplicidade…! E eu, meio a medo, meio assustado, lá continuei a cantar com ele…

Claro que tentei logo racionalizar e ocorreu-me que podia ter ouvido vagamente alguma parte da música do rádio de algum vizinho próximo e a música ter “continuado a tocar” na minha cabeça. Mas de facto, àquela hora, com o ruído urbano habitual, parece-me impraticável poder discernir uma música com origem na casa de um vizinho e ainda a conseguir reconhecer… a única vez que isso aconteceu, foi no habitual silêncio das 4 da manhã de um dia de semana e o “Sex Bomb” do Tom Jones é inconfundível (ainda hoje me lembro de nessa noite estar deitado na cama a tentar reler apontamentos de Epistemologia e sentir que alguém ali bem perto insistia em me fazer ouvir que se estava a divertir bem mais do que eu…), de resto, habitualmente, só se ouve aquela mescla de ruído ininteligível que os prédios habitados produzem. Além disso, não tenho dúvida nenhuma de que estava bem acordado… enfim, aparentemente não há explicação lógica para isto, a não ser uma muito bem sintonizada e sincronizada coincidência…

Como resultado, desde que saí da cama que passei a ver o dia como que envolvido numa certa onda de misticismo. Logo ao abrir a janela olhei lá para fora com aquele olhar desconfiado de quem sabe que vai descobrir algo de estranho… mas não, tudo normal.
De resto o dia foi-se desenrolando como todos os outros e o carácter místico que parecia ver nele foi esmorecendo… até que tive a ideia de consultar a Maya! Quem sabe se não encontrava pelo menos alguma pista para qualquer coisa…?

O que dizia “na Maya”:
28 de Setembro de 2007 - CAPRICÓRNIO
SAÚDE: Cumpra horários; para evitar stress faça tudo com tempo. (isto deu-me um certo ímpeto para fazer não sei bem o quê…)
AMOR: Embora sem que tudo corra como idealizava saberá com o que conta. (é a triste verdade...)
DINHEIRO: Dia de definições profissionais; a sua situação laboral ficará mais sólida. (pronto, o desemprego é para durar…)

Nada de muito animador na Maya… em todo o caso, ocorreu-me a ideia de ir à net procurar a música que desencadeou tudo isto. Encontrei-a e comecei a ouvi-la de novo…





Baby, you've been going so crazy
Lately, nothing seems to be going right
Solo, why do you have to get so low
You're so...
You've been waiting in the sun too long


“É isso!”, percebi imediatamente, “A música é um incentivo, I’ve been waiting in the sun too long!”.
Tinha de fazer algo! Mas o quê…? Procurar emprego? “Hum… ainda nem há um mês estou desempregado… não sei…”, pensei.
Então o quê?? Ir viajar pelo mundo? Escrever um livro de culinária? Adoptar uma criança asiática? Ir até à Baixa tirar fotografias a turistas e criar um site dedicado a isso? Criar um blog…?
Criar um blog? Realmente é algo que já ando para fazer há algum tempo…
Porque não hoje?

(Pelo sim, pelo não, decidi adoptar temporariamente esta música como hino pessoal, pode até ser que me dê motivação para mais coisas…)