sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Katadioptriké – o fotoblog


Além deste blog, pareceu-me boa ideia criar também um fotoblog
Esta fotografia que se pode ver aqui do lado esquerdo retrata uma planta artificial, que me foi oferecida há uns anos, que me é muito querida e que, além de me servir maioritariamente como objecto de decoração, notei recentemente que também servia como suporte para cotão e então decidi manifestar o meu afecto por ela limpando-a cuidadosamente e usando-a como modelo fotográfico. Tirei-lhe algumas fotografias e, a partir delas, criei umas imagens pretensiosamente criativas que coloquei no katadioptriké para estrear o blog. A ideia é colocar lá esporadicamente alguma criação digital ou fotografia interessante que me dê para realizar mas deixando aqui o aviso e, eventualmente uma amostra, de cada vez que isso acontecer.

Agora… sobre o nome “katadioptriké”… bom, acima de tudo eu queria uma coisa simples, de fácil dicção e que se decorasse à primeira… algo que além disso remetesse imediatamente para a noção de ser um fotoblog pessoal. A verdade é que, talvez dada a popularidade do blogspot, os nomes mais apropriados que me iam ocorrendo estavam todos reservados e quando já estava quase disposto a escolher “fotoblog143987.blogspot.com”, pareceu-me notar, de repente, assim do nada, passar por mim no raciocínio de “background”, quase despercebido, o seguinte pensamento insuspeito: “Ah! engraçado, se na Grécia Antiga existisse a palavra catadioptríco eles diriam katadioptriké em virtude das peculiares vicissitudes gramaticais e dos típicos constrangimentos lexicais do grego antigo…”. – Quase automaticamente os meus dedos digitaram essa mesma palavra como que decidindo por mim e assim ficou.

Ora bem, mas para quem não sabe o significado da palavra “catadioptríco”… (((POR COMPLETAR!!!! NÃO ESQUECER IR AO DICIONÁRIO ANTES DE PUBLICAR O POST, OPORTUNIDADE PARA BRILHAR!)))

Entretanto comecei a desconfiar que o nome talvez pudesse não ter sido assim tão bem escolhido quando, um dia destes, numa conversa de esplanada com o meu amigo e colega blogger Gonçalo, ouvi, com circunspecção, estranheza e até algum assombro, emergir da sua traqueia o momentum de difícil e congestionado trânsito oratório que passo a citar:
- “Ó Colaço então e o tokodi… o kotodap… o kotradopticodi… o…… epá aquela cena onde vais postar as fotos, aquil' anda ó não?”
Como ele me tinha falado pouco tempo antes em qualquer coisa como ter tempo para ter aulas de línguas, a principio ainda pensei que estivesse a tentar dizer algo em japonês, até pelas caretas que fazia para tentar dizer o nome do blog… Pior ainda, foi o facto de depois deste atropelo verbal, por contágio, nem eu próprio ter conseguido pronunciar “katadioptriké”, para o corrigir…
Mas e o trabalho que dava agora mudar o nome do blog…?
Sem me alongar mais, visitem-no aqui.

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Agradecimentos

Photo Sharing and Video Hosting at Photobucket(c) Carlos Colaço 2007

Agradecer, em primeiro lugar, às duas pessoas que mais me empurraram no sentido de concretizar a ideia de criar este blog. Ao João, que, mais ao estilo “coach" místico, me ia incentivando com expressões muito espirituais, sempre em jeito de antecipação, como: “Não, eu até parece que já o estou a ver… está quase aí a rebentar o teu blog! Tá mesmo quase… vai ser em grande!” – ainda que ao longo destes meses, por vezes, desanimasse um pouco, naturalmente. E ao Gonçalo, mais realista, que desde o princípio adoptou o estilo mais desafiante e gozão de quem sabia que o projecto se ia fazer esperar, lançando frequentemente ligeiras provocações, sustentadas pela sua autoridade de blogger extremamente profícuo, do estilo: “Então e esse blog?? Hehehe…”.
Agradecer os empurrões da Joana e da Sara que também me incentivaram e me desafiaram mais do que uma vez a levar este projecto por diante, tendo até a Sara, inclusivamente, chegado a deixar um comentário de incentivo no post de teste do projecto falhado de blog antecessor deste, gesto esse que me inspirou uma motivação extra.
(João e Joana, vocês é que entretanto estão também a precisar de um empurrão, não? Se quiserem eu empurro-vos. Ou então peçam ao Gonçalo, esse especialista que entretanto até se registou no grupo do hi5 de pessoas que gostam de empurrar os outros para dentro da piscina...)
Agradecer ainda à Rita Delille. Não pelo empurrão, ela nunca me empurrou, isso é um boato (que eu aproveito para lançar agora). Mas tenho de lhe agradecer por me ter autorizado a “espionagem industrial” aos blogs dela e em virtude disso lhe ter plagiado os serviços photobucket e o radio.blog.club e até inclusivamente a protecção de direitos de autor creative commons (plagiar direitos de autor foi assim o “top” da minha ousadia nos últimos tempos).
Agradecer naturalmente ao Al Gore por ter contribuído de forma tão indirecta quanto eficaz para a Paz mundial. Eu próprio não compreendi a pricípio a firme linha ténue que o liga à Paz e o torna merecedor do Nobel. Mas depois de alguma reflexão lá acabei por perceber o modo astuto como aquele que costumava ser o próximo presidente dos EUA evitou inúmeros conflitos internacionais. Parece que já estou a imaginar, a quantidade de vezes em que o chefe de gabinete do típico ditador ou do pequeno e médio terrorista sugeriu entediado a enrolar caracóis no bigode: “O que achas, vamos provocar o caos e a destruição num país vizinho…?” e a resposta: “humm não… hoje não, vai antes ao Blockbuster buscar o filme do Al Gore e traz pipocas com molho de manteiga… e depois traz-me a mantinha polar do Ikea… a verde…”.
Essa estabilidade global foi indubitavelmente condição sine qua non para o nascimento deste blog.
Não conheço muitos blogs que tenham secção de agradecimentos, agora que penso nisso… isto começa mesmo a ganhar contornos de grande projecto!

terça-feira, 23 de outubro de 2007

100 cedilhas?

(Atenção! Texto longo e potencialmente aborrecido, leia na diagonal!)

A cedilha é aquilo a que os brasileiros chamam, por vezes, “o rabinho do c”. Nós felizmente não temos essa mania mas temos outras igualmente desagradáveis. Em rigor, a cedilha - do castelhano cedilla, «pequeno z» - é, como toda a gente sabe, aquele sinal diacrítico que se coloca sob a letra "c" para lhe dar o valor de "s" inicial.
Resumindo um pouco a história, a cedilha surgiu quando os castelhanos - em pleno obscurantismo medievo, naquele tempo em que os Papas podiam ter concubinas - acharam que o alfabeto vigente era limitado e decidiram inventar este sinal inspirado na escrita gótica… A verdade é que a coisa fez furor e os portugueses, os franceses, os catalães, etc., acharam aquilo de uma extravagância deliciosa e copiaram. Mais tarde os castelhanos perceberam que afinal a coisa era estúpida e redundante e acabaram com ela. Mas o mal já estava feito e a cedilha ficou agarrada como uma lapa à grafia da nossa língua, de tal modo que seria, hoje em dia, para nós impensável a vida sem cedilhas. Ainda que, no fundo, seja apenas uma questão de “status”, isto é, a cedilha e os dois “s” (ss) soam exactamente da mesma maneira mas a cedilha tem, inegavelmente, muito mais charme.
Posso agora falar-vos ainda, um pouco, do insólito caso de também os turcos e os romenos, entre outros, usarem cedilhas, nomeadamente para escrever… mas não quero. É engraçada a coisa das cedilhas debaixo de outras letras mas também não é nada assim de tão interessante.

Photo Sharing and Video Hosting at Photobucket
“uma cedilha” (para os mais distraídos e que ainda não perceberam do que estou a falar)

Entretanto, na história da cedilha, tudo corria bem até à invenção dos computadores e, por fim, da internet. Nunca como hoje a cedilha foi tão desrespeitada e marginalizada!
Um dos desafios do mundo digital actual é a correcta representação, não só da cedilha mas de todos os sinais diacríticos. Isto acontece porque em virtude de uma, ainda comum, falta de padronização na forma de codificar este tipo de caracteres, é frequente ocorrerem falhas e erros nos programas e para evitar isso o método mais simples e mais comum é, pura e simplesmente, a não utilização destes sinais. Toda a gente se lembra do que acontecia até há bem pouco tempo com o tão popular hi5, por exemplo.
Tudo isto está relacionado, nomeadamente, com o padrão Unicode e as diversas sub-codificações e também com o uso de várias “fonts” diferentes e eu podia naturalmente debitar-vos aqui conhecimento enciclopédico profundo e enriquecido com notas de rodapé exaustivas sobre o assunto… se soubesse alguma coisa disso mas não é o caso.

Na prática, uma das consequências mais aborrecidas de tudo isto é quando se dá o caso de o indivíduo possuir um sinal desse tipo no próprio nome e a sua não representação alterar a sua pronúncia. Por exemplo, supondo que alguém tivesse um improvável nome como Gonçalo Gonçalves, eu diria até que se via, inclusivamente, quase como que privado da sua identidade! Após anos a fio a viver como Goncalo Goncalves (repare na ausência das cedilhas, não se deixe iludir pelos automatismos cerebrais), seria até de supor que já respondesse a esta segunda versão como se fosse a correcta, nomeadamente, se, por exemplo, alguém o interpelasse na rua chamando: “Ó Goncalo!”. Eu próprio vejo-me invariavelmente privado do meu “rabinho do c” e não passo de um “Colaco” no mundo digital…

O blog “100 cedilhas?” podia então ser um grito de guerra contra os inúmeros vilipêndios e ataques à dignidade das cedilhas!!! Mas não é. Nem é sequer uma chamada de atenção, é antes assim uma constatação e um encolher de ombros resignado e “um esperar que isto melhore” tipicamente “tuga”…
Em todo o caso, fica aqui (na coluna lateral do blog) um repositório simbólico de 100 cedilhas assim como que, vá lá, um epitáfio de um cenotáfio erigido (ou redigido, neste caso) em memória de todas as cedilhas privadas do seu direito à vida e da sua liberdade de expressão (o que para elas é, por inerência das funções, a mesma coisa) pelas alegadas “dificuldades de codificação” nas linguagens do meio virtual.