domingo, 25 de novembro de 2007

Eufemismos arquitectónicos

Passei ontem de carro em frente a uma Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR), numa cidade dos arredores de Lisboa. Como estava trânsito tive oportunidade de contemplar, bem como inalar, ao pormenor as instalações desta estação que tem como função filtrar e tratar os esgotos de quase toda a região antes de lançar no rio as águas derivadas desse mesmo processo. Agora, o que me causou estranheza foi o facto de todo o recinto estar povoado de exóticas palmeiras… Esses caprichos arbóreos de caule cilíndrico não ramificado que tanto gostamos de importar para efeitos arquitectónicos decorativos são, embora atípicos do nosso território, muito comuns nas chamadas zonas balneares… realmente é um facto que uma ETAR tem algumas piscinas mas… não creio que alguém faça uso delas para qualquer tipo de actividade recreativa ou de lazer.
Não deixa nunca de me surpreender esta mania cultural dos eufemismos. Por exemplo, um homem quase que fica com pena de lhe ser negado por natureza esse prazer exclusivo quando vê aquela alegria pululante das raparigas menstruadas dos anúncios de pensos higiénicos… É formidável como todos estes expedientes de cosmética social, com que convivemos a todo o momento, conseguem ser, por vezes, tão criativos como ridículos. Na minha modesta opinião uma ETAR não tem de ser bela e atraente! Mas então reconheço que entramos numa discussão parva e inconsequente porque me podem responder no mesmo tom que também não tem de ser feia e aí eu encolho os ombros e sou obrigado a não discordar.
Metam as palmeiras nas ETAR se quiserem, desde que depois não vá ninguém por ali adentro ao engano, de chinelos e toalha ao ombro, como quem caminha distraidamente pelo resort à sombra refrescante do palmeiral, em direcção àquelas piscinas redondas…

3 comentários:

Anônimo disse...

Essa ETAR é uma vergonha!

Anônimo disse...

E para quando novo post?

Carlos Colaço disse...

(Em virtude dos reparos de alguns utentes do blog, os comentários com linguagem e/ou pseudónimos mais, vá lá, ordinários, foram removidos por uma questão respeito para com a susceptibilidade de todos. agradeço a compreensão dos visados e recomendo o uso da profícua imaginação na invenção de pseudónimos em outros tão originais como os anteriores mas apropriados para todas as audiências. Não se trata no entanto de censura total e haverá sempre uma tolerância considerável. Aquela do "piri" ainda escapa mas a outra já era um bocado fora dos limites.)